Para nós educadores parece que o ano só começa por ocasião do retorno às aulas. Na maior parte do pais elas retornam hoje. Ano de Copa do Mundo, grandes eventos,calendários alterados e escolas ainda tentando se adaptar as mudanças…ufa,tudo isso é sinal de que 2014 finalmente chegou.
No calendário chinês é o ano do cavalo e madeira e nosso desejo é que as mudanças , o espeito e a valorização do professor e os investimentos em uma educação de qualidade cheguem a galope. Nós, por aqui, voltamos a rotina com este excelente artigo da Patrícia Coleman
Seus filhos não falam Português? Como pode? Você está perdendo uma oportunidade! Escuto estas frases frequentemente… Sem dúvida, ensinar a sua língua de herança é uma realização para os pais e um motivo de orgulho ímpar . O domínio de mais de uma língua tem benefícios que ultrapassam o passaporte para outra cultura. Ele amplia a capacidade de categorizar idéias, de se expressar e amplia a autoconfiança do individuo. Porém, não é simples a tarefa de ensinar a um filho a sua língua de herança vivendo em outro país. Existem muitos fatos à serem considerados, no processo de ensino de uma língua que não é falada onde se vive.
O pai e a mãe falam esta língua? Esta criança tem possibilidade de presenciar com frequência, a comunicação entre duas pessoas nesta língua? Bom, eu acredito que a criança inicialmente, copia o que observa; portanto, ela precisa presenciar o bate e volta da conversa, para saber como responder às perguntas. Da mesma forma que o bebê primeiro entende o que escuta, antes de dar as primeiras palavras. Entender a língua precede o expressar-se nela.
Frequentemente, escuto pais dizerem: “meu filho entende muito bem o Português, mas só me responde em Inglês”. Na minha opinião, três fatos influenciam este comportamento tão comum: preguiça e o estigma. A língua falada onde se vive está em todos os lugares, é ouvida e praticada muito mais frequentemente; portanto torna-se muito mais automática e fácil. O estigma de ser diferente por falar uma língua que ninguém mais fala ou de ,por educação, não excluir os outros da conversa, começa de cedo. Quando em presença de pessoas que não falam a língua, existe um constrangimento envolvido em usar a segunda língua. Principalmente durante a adolescência, existe a vontade de ser uniforme e igual à “todo mundo”,de pertencer a um grupo e por isso muitas vezes o adolescente se recusa a usar a segunda língua.
É comum observar que crianças bilíngues tem a tendência a desenvolver a fala mais lentamente ou que estas crianças tenham mais dificuldades no aprendizado da leitura. Afinal, estão processando um número maior de sons e padrōes de linguagem. Portanto, é importante que os pais mantenham-se pacientes e atenciosos para apoiar neste processo.
Na minha experiência, é maravilhoso ter um código especial para falar com meus filhos. Este nosso código secreto é a Língua Portuguesa! A minha filha fala com um sotaque delicioso e tem a tendência a usar diminutivos constantemente (“Eu quero uma blusinha pretinha com a manguinha curta”). O meu pequenininho inventa palavras e diz que está falando em português, mas também canta o “Boi da cara preta” e tem uma versão “Black Bull”. Portanto, independente da proficiência, o interesse pela língua de herança, e o despertar do orgulho pelas próprias raízes faz valer à pena ultrapassar qualquer obstáculo.
Ensine a sua língua de heranca, passe a sua cultura, pois mais importante que o produto e o processo.