Acabo de ler Marc Prensky e confesso que estou apaixonada!
Em seu artigo “Digital Natives,Digital Immigrants” publicado há mais de uma década,Marc Prensky apresentava os termos “nativos digitais” e “imigrantes digitais” para se referir aqueles que nasceram antes e depois da internet. Muita coisa mudou desde então e os chamados “Nativos Digitais”, ou seja, aqueles que não conseguem viver sem a internet, invadiram as escolas e hoje já não existem mais “imigrantes digitais” em fase escolar.
Os alunos que recebemos hoje em sala de aula – da educação infantil aos cursos universitários- fazem parte da primeira geração de nativos digitais. Estes alunos, cresceram e passaram a vida cercados por computadores, vídeo games , mp3,4.. câmeras de vídeo , celulares e várias outras ferramentas digitais. Estima-se que um aluno em fase final de graduação hoje tenha passado menos de 5.000 horas lendo , mais de 10.000 horas jogando vídeo game e 20.000 horas assistindo TV. É muito pouco provável que qualquer pessoa, por mais bem intencionada que seja, consiga reverter esta situação. E sendo assim, por que será que insistimos em manter uma escola do século XIX , com professores do século XX, quando lidamos com alunos do século XXI ?
Quem domina uma segunda língua ou trabalha com ensino de idiomas sabe que por mais que o estejamos adaptados ao ambiente e a nova língua, dificilmente perderemos o nosso “sotaque” ou o nosso “pé no passado”. E que fique bem claro que este fato em nada tem a ver com a fluência na língua. Bom, segundo Prensky, o mesmo acontece com os imigrantes digitais. Por mais que tenham adotado e incorporado em suas vidas muitos ou a maioria das novas tecnologias, jamais perderão seu “sotaque” ou poderão ser comparados aos que nasceram no mundo digital.
Você imprime e-mails ou pede a sua secretária que os imprima para você? Imprime um documento escrito no computador só para editá-lo ao invés de fazer a edição na própria tela? Liga para alguém só para perguntar: “Você recebeu meu e-mail?”,Lê um manual para descobrir como alguma coisa funciona ou chama as pessoas à sua sala para mostrar um site ao invés de enviar a URL? Se você está rindo agora e se reconheceu em um ou mais destes exemplos então para Prensky você é um imigrante digital. E talvez este seja um dos maiores problemas e desafios da educação atual. Gastamos tempo e energia tentando fazer com que nossos alunos aprendam da “velha maneira” quando deveríamos nos preocupar em como adaptar nossos conteúdos para que possamos transmiti-los de novas maneiras. E enquanto fazemos isso, colocamos a culpa nos alunos que não têm interesse em aprender, no número de alunos por turma, nos baixos salários e valorização do professor.
Sim, precisamos do apoio de diretores e coordenadores para estabelecer regras de disciplinas mais rígidas para nossos alunos. Sim, pais e donos de escola precisam parar de vender/buscar apenas o lúdico e apostar em uma educação de responsabilidades , direitos e deveres. Sim, precisamos de políticas públicas que resgatem a valorização do professor. Mas de forma alguma podemos acreditar e aceitar que ( e talvez este seja um dos melhores exemplos dados por Marc Prenski em seu artigo) uma geração inteira que é capaz de memorizar mais de 100 personagens de Pokémon, não seja capaz de aprender os nomes, populações e capitais das 181 nações no mundo. Vai depender apenas de como estamos ensinando.