Ricardo Schütz, brasileiro com mestrado em TESL (Teaching English as a Second Language) pela Arizona State University pesquisa o ensino de inglês em diferentes países e é o criador do English Made in Brazil. Desde 2003, Ricardo preside a Associação Sul-Brasileira de Intercâmbio Educacional e Cultural – ASBI.
INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PORTA PARA O MERCADO DE TRABALHO
Nas comunidades locais o homem continuará falando suas línguas nativas. A comunidade global, entretanto, fonte de informação e de conhecimento, bem como meio de realização profissional do homem moderno, exige um meio de comunicação único. Quem não o falar, estará parcialmente excluído da comunidade global e de seu mercado de trabalho.
VOZ POLÍTICA
Além disso, neste mundo já globalizado, mas, ainda padecendo de graves problemas, o caminho da palavra inteligente se sobrepõe ao da agressão e se apresenta como a única alternativa. Quanto antes conseguirmos expressar nossos pontos de vista em linguagem convincente, no idioma da maioria, tanto melhores nossas chances de sermos ouvidos para defendermos nossos interesses e combatermos injustiças e posturas conservadoras, protecionistas, discriminadoras e etnocêntricas.
HABILIDADES COGNITIVAS AMPLIADAS E PAZ MUNDIAL
Bilinguismo, entretanto, não é apenas um instrumento acadêmico, uma ferramenta profissional e uma voz política. Além de meio de comunicação, bilinguismo é aptidão multicultural – versatilidade de estruturar o pensamento por diferentes vias e de interpretar realidades sob diferentes óticas. Dessa forma, bilinguismo ou multilinguismo representam habilidades cognitivas superiores – sensibilidades e percepções ampliadas que permitem entender diferenças, flexibilizando julgamentos e funcionando como catalisadores do entendimento entre as nações e da paz mundial.
O CAMINHO
O período ideal para tornar a pessoa bilíngue é a infância ou a adolescência. Pesquisas no campo da neurolinguística, da psicologia e da linguística já demonstram que, por fatores de ordem biológica e psicológica, quanto mais cedo, melhor. O ritmo de assimilação das crianças não só é mais rápido como o teto, mais alto. Além disso, até os 12 ou 14 anos de idade a criança ainda tem a capacidade de assimilar o idioma estrangeiro ao mesmo nível da língua mãe.
É, portanto, grande a responsabilidade dos pais ao colocarem seus filhos que ainda não atingiram esta idade crítica, em clubes, cursinhos ou escolinhas que oferecem inglês com instrutores cuja proficiência seja limitada. Desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo serão assimilados pela criança, causando danos irreversíveis. Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador aprendiz.
É grande também a responsabilidade das escolas primária e secundária em cumprirem com a obrigação que lhes compete: proporcionar todas as qualificações básicas necessárias ao indivíduo da sociedade moderna, inclusive fluência em língua estrangeira, erradicando assim o monolinguismo.
Finalmente, é grande a responsabilidade do poder público em reformular o ensino superior na área de línguas e abrir as fronteiras culturais, incentivando a vinda de falantes nativos através de um enquadramento legal específico e burocracia simplificada, bem como promovendo a isenção fiscal de organizações voltadas ao intercâmbio linguístico e cultural.