O mundo a nossa volta está mudando. Já não podemos mais viver como vivíamos antes.Não concebemos mais a nossa vida sem as facilidades tecnológicas dos dias atuais. Entretanto, insistimos em ensinar da mesma forma como ensinávamos antes. Pior, às vezes queremos ensinar da mesma maneira como aprendemos. Será que nossas ideias e concepções sobre educação não estão também ultrapassadas? Será que não estamos presos aos velhos hábitos e costumes apenas porque eles nos dão a sensação de segurança e confiança? Quem sabe o novo não ofereça melhores alternativas?
Pense por alguns instantes. Se nossos alunos já podem ler um clássico no formato e-book ou ouvi-lo no ipod, por que não podemos aceitar que uma redação ou dever de casa seja feita no computador ou em algum outro formato que possa ser baixado, compartilhado, lido ou ouvido na escola? Talvez seja a hora de começarmos a rever a maneira e as ferramentas que utilizamos na educação de nossos alunos.
É claro que os alunos de hoje não são assim tão diferente do que era há 20 anos. Mas com certeza eles experimentam e vivenciam o mundo de forma diferente. Lembro bem que quando eu voltava da escola corria para ligar a TV. As informações eram limitadas e a programação não tinha lá essa variedade. Ao contrário, meu filho hoje corre ligar o computador e acessar a net, isso quando não o faz da escola pelo celular ou enquanto joga PSP. Ou seja, ele tem 24horas de acesso ilimitado a informação que ele quiser, como quiser, o quanto quiser e de onde quiser. Mas o que interessa a ele não é muito diferente das coisas pelas quais eu me interessava quando tinha a sua idade: estar com os amigos, socializar, jogar conversa fora. A diferença está nas ferramentas que ele tem a disposição.
Eles passam aproximadamente 3.5h jogando, 16.5h assistindo tv, 5,5h no computador e são capazes de ficar até 5h semanais ouvindo um livro de Harry Potter no ipod. Esses alunos esperam que a escola os ensine a criar, a consumir, a remixar e compartilhar informações uns com os outros. Enquanto nossos alunos incorporam novos verbos e vocabulários a sua rotina como “text” ou ”blog”, aproximadamente 76% dos professores nunca utilizou uma “wiki”, um blog ou um poadcast e muitos nem sabem o que o termo significa. Apenas 14% dos professores sugerem ou deixam que seus alunos realizem alguma atividade ou criem algo utilizando as tecnologias disponíveis. E 63% deles nunca utilizaram alguma ferramenta digital para contar histórias.
Apelidamos esta geração de “Geração Y”. Fazem parte dela àqueles que nasceram a partir de 1990. Deles dizemos que é a geração que “aprende fazendo”. Ora, se eles aprendem enquanto trabalham o que esperamos ensinar a estas crianças enquanto eles ficam apenas sentados em sala de aula ouvindo explicações que eles poderiam facilmente encontrar no Google ou trabalhando sozinhos em cima de livros.
Estima-se que a geração y terá aproximadamente 14 profissões diferentes antes de completar 38 anos. E o mais impressionante é que a maioria destas profissões ainda nem existe atualmente. Como então prepará-los para assumirem uma posição de destaque e ter sucesso na vida? Afinal não é isto que desejam pais e mães do mundo inteiro?
Facebook, MSN, torpedos, é assim que eles se comunicam. E talvez entender essa nova forma de comunicação seja a chave para oferecer uma educação melhor aos nossos alunos. Precisamos ouvir mais. Se estas são as ferramentas que eles têm agora, então é com elas que precisamos ensiná-los. É através delas que vamos chegar até eles e fazer com que eles aprendam o que realmente vão precisar para a vida. Para o nosso próprio bem, enquanto professores, precisamos parar de resistir às mudanças ou correremos o risco de sermos deixados para trás e nos tornarmos obsoletos. Se precisamos corresponder às expectativas de nossos alunos e de uma educação de nível mundial. Se é nosso dever envolver os alunos. Se quisermos nos manter relevantes em suas vidas. E, principalmente se quisermos que eles realmente aprendam conosco, então precisamos ensiná-los a pensar, a criar, a analisar, a avaliar e a aplicar seus conhecimentos de forma prática.
Para ensiná-los temos que começar a aprender com eles!