Ninguém duvida que a formação de um professor é um processo contínuo , que seu ingresso no curso de formação inicial é apenas uma das etapas numa trajetória de crescimento e que a formação inicial, sozinha, é insuficiente para proporcionar todos os elementos necessários a uma prática consistente. Mas até que ponto o aluno recém-formado nos cursos de pedagogia e licenciaturas, a despeito da qualificação outorgada pela universidade, pode ser considerado, efetivamente, um professor e assumir uma turma?
Os que defendem a manutenção dos currículos dos cursos de pedagogia e licenciaturas são categóricos ao afirmar que, vivendo em um mundo em constante mudança e lidando com os aprendizes do século XXI, seria impossível antecipar todas as experiência pedagógica aos futuros Professores . Mesmo defendendo a ideia de que os currículos dos cursos de formação de professores encontram-se há muito desatualizados e são demasiadamente teóricos, concordo com a afirmação. Entretanto, este fato só reforça ainda mais o pensamento de que é imprescindível que se ofereça ao professor um programa de formação continuada que funcione, não apenas como oportunidade de atualização de conhecimentos mas que sirva também de suporte para as práticas vivenciadas no dia a dia da sala de aula.
Questões envolvendo a formação e a profissionalização do professor estão muito além do campo das aquisições e renovações pedagógica e passam, necessariamente, por discussões a respeito das questões salariais e de valorização ou do status da profissão de professor. Mas, enquanto estas dependem de governantes e de políticas públicas que realmente valorizem a educação, a questão da formação continuada e do desenvolvimento profissional está muitas vezes ao alcance do professor e dos gestores, bastando apenas que estes tomem para si a “parcela que lhes cabe neste latifúndio”.
Mas o que seria exatamente desenvolvimento profissional e formação continuada?
Bom, quando perguntamos aos professores muitos dizem que são “apenas alguns dias no ano em que os alunos são dispensados mais cedo ou não tem aula para que a equipe se reúna”. Os gestores por sua vez preferem afirmar que o termo se refere a processos e práticas que visam melhorar o trabalho e estão diretamente ligados ao desenvolvimento do conhecimento, habilidades e atitudes dos funcionários da escola. O grande problema é que grande parte dos programas de desenvolvimento profissional e/ou formação continuada adotados hoje pela maioria das escolas brasileiras e oferecido aos professores e a equipe educacional não conseguem atender às necessidades destes profissionais. São rápidos, não são oferecidos com regularidade, concentram-se em temas escolhidos pelos gestores, preveem pouca ou nenhuma prática, feedback ou atividades de acompanhamento. Ou seja, estão muito distantes da realidade e dos problemas enfrentados pelo professor nas atividades do dia a dia em sala de aula.
Medidas adotadas nos melhores sistemas educacionais do mundo provaram que programas de desenvolvimento e formação devem ser contínuos, interessantes e atender ás necessidades imediatas do professor. De nada adianta oferecer ao professor um apresentação didática descontextualizada de sua realidade. Dados publicados no relatório do The National Literacy Panel (August & Shanahan, 2006) afirmam que, para serem eficazes estes programas devem produzir mudanças na prática do professor em sala de aula, em suas crenças e atitudes, e nos resultados de aprendizagem dos alunos.
Não sou contra as teorias, apenas acredito na teoria a serviço da prática e defendo que, os programas de desenvolvimento e formação continuada mais eficazes são aqueles capazes de integrar a teoria e as pesquisas aos exemplos práticos e ao desenvolvimento de estratégias aplicáveis ao dia a dia do professor ao mesmo tempo em que permitem ao professor colocar em prática o que foi aprendido, ser acompanhado de perto e principalmente receber feedback.
Por conta da complexidade e abrangência de algumas questões levantadas neste post, aproveitamos para lançar uma pesquisa e gostaríamos de saber se existe, em sua escola, algum programa de desenvolvimento profissional e/ou formação continuada e como ele é feito.
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