Focus Educacional

Educação 2.0

 

Estive este final de semana visitando a EDUCAR em São Paulo. Em sua 19ª edição, a EDUCAR já é considerada uma das maiores feiras educacionais da América Latina. Gestores, professores, grandes e pequenas editoras, mas o que mais chamou a minha atenção foi a quantidade de empresas oferecendo tecnologias inovadoras e que prometem transformar as salas de aula em um grande espaço de interação.
Já falamos diversas vezes aqui em como os novos tempos estão mudando não só as pessoas, mas principalmente as relações de trabalho. É claro que os novos tempos estão mudando as pessoas e principalmente as relações de trabalho. Ninguém duvida que a utilização das novas tecnologias está criando profissionais que antes não existiam e que o grande desafio das escolas é pensar pelo menos 10 anos à frente e tentar fornecer hoje uma educação que tenha valor no futuro. Contra os avanços tecnológicos temos o fato de que os processos de formação no Brasil ainda são muito clássicos, baseados ainda em métodos e profissões tradicionais e ainda precisam trabalhar mais com o conceito das competências e ajustar a sua filosofia às novas demandas.
Se a oferta de softwares interativos, lousas digitais e a tecnologia 3D já deixa qualquer educador enlouquecido, imagina os alunos! Os preços também estão bastante convidativos, algo em torno de R$3.000(sem a tecnologia 3D) e R$6.000(3D), mas para alguém que vive o dia a dia das salas de aula, e me refiro aqui às escolas particulares, e trabalha diretamente com a formação de professores como a sensação é de estranheza. É meio como se tivéssemos perdido o “bonde” da história, como se o trem tivesse chegado sem avisar e quando as portas se abriram não tinha ninguém esperando na hora e no lugar certo. Será que se tivéssemos combinado não teria muito mais gente pronta para embarcar?
Odeio parecer pessimista, mas se é isso que o mercado tem a oferecer às escolas então precisamos nos apressar. De nada adianta investir em lousa digital e programas 3D se o professor não estiver preparado para lidar com o grupo. De nada adianta ensinar o professor a utilizar as novas tecnologias e exigir que ele produza e-books, fóruns, chats, podcasts, se ele não fizer um planejamento de aula que inclua todos os seus alunos e respeite as necessidades específicas de cada grupo. De que adianta uma lousa 3D, se o professor não souber preparar uma boa aula, se não puder contar com a ajuda e a orientação de um gestor competente que o ajude a produzir conteúdos de valor para o aluno. Afinal, a lousa digital é apenas um instrumento que vai reproduzir o que foi preparado pelo professor.
A favor de toda essa onda tecnológica temos pais ávidos por oferecerem o que há de melhor a seus filhos e dispostos a pagar por estes serviços, alunos implorando por aulas mais significativas e que despertem seu interesse ao invés de matar de vez a sua curiosidade e gestores dispostos a transformar suas escolas em escolas do futuro a abocanhar uma parcela cada vez maior desse mercado. Cada vez mais se discute o fato de que a oferta de mão de obra não acompanha as necessidades do mercado e que faltam profissionais prontos para ocupar e lidar com as novas exigências e os novos postos de trabalho. Resta apenas saber por quanto tempo vamos ainda nos enganar e continuar achando que essas transformações e exigências não se aplicarão a profissão de professor.

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