Por Cláudia Spitz
O crescimento da economia global tem levado a um crescimento da demanda por uma educação internacional . Setores como Petróleo e Gás e Telecomunicações têm feito com que cada vez mais famílias expatriadas busquem uma educação que lhes permita a transferência para outras escolas internacionais . O mesmo pode ser observado junto à um numero cada vez maior de famílias brasileiras ligadas à empresas ou negócios multinacionais. Quem trabalha com educação de modo geral já percebe uma demanda crescente por escolas que ofereçam uma educação de nível internacional e com foco em competências multiculturais .
Dizem que o mercado de idiomas está aquecido. Entretanto, a rotatividade de professores é enorme e a dificuldade de se encontrar um profissional que atenda à essas novas exigências e expectativas mercadológicas, maior ainda. Basta abrir o jornal de domingo para se ter uma ideia exata de como andam as negociações: 17 anúncios em um único jornal, só ontem. A maioria pedindo professores para trabalhar em escolas com projetos de inglês diários ou Bilíngues, como muitos se autodenominam.
Já falamos aqui no blog sobre as diferenças entre as escolas internacionais e bilíngues e, publicamos uma lista de escolas. Recebemos, diariamente na Focus, e-mails de pais , coordenadores e diretores de escola querendo informações sobre bilinguismo ou mesmo referência sobre cursos de idiomas oferecendo “Projetos e materiais, ditos bilíngues”. O que percebemos, no entanto, é que a grande maioria dos cursos de idiomas oferece apenas uma carga horária estendida de inglês , mas que nada tem a ver com educação bilíngue. Embora qualquer aumento na carga horária seja benéfico e traga resultados positivos, é bom deixar claro que aprender uma língua estrangeira é bem diferente de aprender uma segunda língua.
Para Arnau et alii (1992), o termo educação bilíngue , por si só, já exclui todas aquelas situações em que se apresenta o ensino da segunda língua como MATÉRIA e não o ensino EM uma segunda língua. Aprender uma língua estrangeira é apropriar-se das possibilidades de se comunicar e/ou compreender um novo idioma, por meio de estudos e atividades que objetivam apenas a própria língua estrangeira. O que pode ser oferecido por qualquer curso de idioma, seja ele parte de uma grande rede de franquias ou o cursinho do bairro.
A educação bilíngue, ao contrário, tem por objetivo oferecer ao aluno a possibilidade de adquirir uma segunda língua e, junto à sua língua materna, ser capaz de se expressar e refletir no novo idioma, alternando entre a língua materna e a segunda língua quase que automaticamente.A educação bilíngue é aquela onde a aquisição do segundo idioma se dá da mesma forma que a língua materna , ou seja, de forma natural, não forçada. Os objetivos principais da educação bilíngue são o próprio bilinguismo e o multiculturalismo. E , diferente do que ocorre com o ensino de língua estrangeira, não pode ser oferecido por qualquer curso ou qualquer pessoa .O perfil do professor bilíngue é muito diferente do perfil de um professor de idiomas, o material destinado à uma educação bilíngue é muito diferente do material utilizado em um curso de idiomas.
Numa educação verdadeiramente bilíngue o aluno aprenderá em inglês e através do uso dessa língua no trabalho com as diversas matérias do currículo. Daí a importância desse programa ser oferecido dentro da grade curricular e não apenas como uma “aula extra”. Quando estiver em dúvida se o que estão lhe oferecendo é realmente uma educação bilíngue ou simplesmente um curso de inglês, peça para ver o material, analise as áreas do currículo que estão sendo trabalhadas, informe-se sobre os conhecimentos do professor e coordenador a respeito do bilinguismo, discuta, debata, pergunte. Afinal ninguém pode ensinar aquilo que não sabe!