O ensino da Língua Inglesa começou a se desenvolver nas escolas de Educação Infantil brasileiras por volta dos anos 80 como forma de diferencial de escolas particulares que competiam para atrair um número cada vez maior de alunos e viam no ensino intensificado (modalidade em que língua estrangeira é ensinada como mais um item no currículo, mas com um maior número de horas )de inglês um meio de atender à demanda por parte dos pais que desejavam oferecer aos seus filhos o aprendizado de língua inglesa cada vez mais cedo e com maior frequência.
Embora tenhamos cada vez mais a noção de que esta filosofia em nada tem a ver com a ideia de uma educação bilíngue de qualidade, é significante, para não dizer assustador o número de escolas ou projetos autodenominados “bilíngues” no Brasil. Se por um lado esse aumento do interesse pelo aprendizado de uma 2ª língua acarreta na conscientização sobre a importância de que quanto antes iniciarmos este processo, mais benefícios ele trará aos nossos alunos, por outro precisamos urgentemente cuidar e valorizar a formação dos profissionais para o trabalho na educação infantil destas escolas bilíngues ou correremos o risco de proporcionar aos pais e alunos experiências desagradáveis e que em nada traduzem a realidade e as vantagens de oferecermos às nossas crianças uma educação bilíngue.
No contexto atual, os programas de educação bilíngue são oferecidos pelas escolas por mensalidades altíssimas, restringindo muitas vezes, o acesso por parte de todos os alunos descaracterizando assim os objetivos iniciais, dentre os quais o de oferecer uma educação em um ambiente multicultural. Entretanto, o que mais me preocupa e parece que já começa a preocupar os pais também, levando-se em conta o aumento no número de e-mails e mensagens que recebemos aqui na Focus consultando sobre este assunto, é a formação dos professores que estão a trabalhar com os programas de educação bilíngue nas escolas de educação infantil. Qual a formação destes profissionais? Existe uma formação mínima exigida para quem se propões a trabalhar com educação bilíngue? Qual o perfil ideal dos professores de educação infantil nas escolas que oferecem programas bilíngues?
Bom, como já falamos aqui em outros posts, não existe uma formação específica exigida para professores de escolas de educação infantil bilíngues e muito menos uma legislação específica para estas escolas. O que percebemos e que, na grande maioria, os professores encarregados do currículo brasileiro seguem a legislação (RCNEI e PCNs) e tem formação na área de pedagogia, conforme é exigido e os professores de língua estrangeira muitas vezes não possuem formação alguma, tendo apenas morado no exterior ou ainda são estudantes de letras, o que por si só já é um absurdo e um desrespeito aos pais e às escolas que contrataram os serviços, no caso dos programas terceirizados.
Lidar com o currículo e as sequencias didáticas em escolas ou projetos bilíngues é uma tarefa bastante complexa uma vez que demanda do professor a integração de diversas áreas do conhecimento e principalmente que estes profissionais atuem em áreas diferentes de sua formação. Na melhor das hipóteses, em escolas e programas realmente sérios, temos professoras formadas em Letras(Português/Inglês) e com experiência no ensino de inglês em cursos de idiomas e que de uma hora para outra se veem envolvidas com o ensino de disciplinas como Matemática, Ciências e Estudos Sociais ou pedagogas com fluência em inglês, mas sem a menor experiência no ensino da língua em questão.
Por se tratar de uma área ainda extremamente nova e que não dispõe ainda de uma formação específica, o cuidado na escolha e contratação dos profissionais que atuaram nas salas de aula, assim como o acompanhamento dos trabalhos desenvolvidos e um programa de formação continuada se tornam ainda mais importantes e decisivos na hora de optar por esta ou aquela escola ou contratar um projeto bilíngue, no caso específico das escolas. É preciso entender que o trabalho deste professor é ainda mais complexo que os demais, pois precisa não só estudar e se apropriar de conteúdos que não domina ou não fazem parte de sua formação, como também buscar diferentes maneiras de ensiná-los em uma língua estrangeira. Em resposta às consultas que recebemos orientamos , pais e diretores, a observarem os seguintes pontos na hora de escolher a escola ou contratar um Projeto Bilíngue:
• Questione a formação dos professores oferecidos. Não aceite que estudantes ou pessoas sem formação sejam regentes em sua escola.
• Desconfie de escolas ou programas Bilíngues que não conseguem ou não se preocupam em contratar profissionais formados e de qualidade, ou que apresentem alta rotatividade de professores.
• Informe-se sobre como a escola ou os responsáveis pelo Programa Bilíngue preparam seus professores para utilizar a língua em sala de aula, integrar os conteúdos e mantê-los constantemente atualizados.
• Preocupe-se sobre como é feito o trabalho de supervisão e acompanhamento destes professores em sala de aula
• Veja se a escola ou programa Bilíngue oferecem materiais específicos para a aprendizagem do idioma ou mantém pais e professores atualizados com dicas de materiais, sites para obtenção de atividades grátis e que envolvam a família e a comunidade escolar favorecendo um ambiente realmente bilíngue.
Acima de tudo, observe o quanto a escola ou a empresa responsável pelo Projeto em Educação Bilíngue, valorizam e apoiam a formação destes profissionais. Este é, sem dúvida, o maior indicador da qualidade dos serviços que estão sendo oferecidos. Caso contrário, o que está sendo oferecido é apenas um ensino intensificado de inglês, o que poderia ser obtido dentro ou fora da escola.
E não se esqueça de que, de todas as vantagens que uma Educação Bilíngue de qualidade pode oferecer, a aquisição do inglês é a menor delas!
Fonte:http://www.bumblebeebilingue.com.br/
Wolffowitz-Sanchez (2008)