“Contação de Histórias” é o ato de contar histórias, narrar, promover saraus literários onde exista a figura de um contador de histórias dando voz a contos e histórias. Somos todos Contadores de Histórias e na maioria das vezes fazemos deste ato um ato impensado. Contamos histórias aos nossos vizinhos, compartilhamos segredos, repassamos pequenas ou grandes fofocas, damos um tom engraçado ou dramático a algo que ouvimos, enfim, desde que aprendeu a falar o Homem conta histórias.
As histórias estão sempre mudando. Moldamos e remoldamos nossas histórias de acordo com o público, com as circunstâncias, escolhemos palavras, improvisamos, mas o que é preciso para dar vida a uma história? Como prender a atenção do ouvinte e transportá-lo para aquele lugar mágico, onde a história entra, diverte e inspira?
Ano passado dei um curso de Contação de Histórias para professores. Comecei contando que já nem me lembrava mais quando foi a primeira vez que ouvi a palavra contador de histórias e, com certeza naquela época nem imaginava que isso poderia ser uma profissão. Passei grande parte da minha vida até agora dentro de uma sala de aula ou no ambiente escolar e contar histórias me permitiu trabalhar com crianças de todas as idades, níveis e habilidades de diversas maneiras e por diversos motivos. Cada turma oferece uma lista única de desafios e recompensas. Hoje trabalho com formação de professores e, quem me conhece já sabe que, quando vou observar uma turma gosto de começar pelo momento da história, a hora da rodinha. Nada para mim define mais o professor do que a “hora da rodinha”. Ver as crianças vidradas no professor enquanto ele conta, canta e, principalmente encanta. Nada pode ser mais prazeroso. Nada pode descrever melhor o poder do professor do que aquele momento. O professor que consegue contar uma boa história consegue tudo e certamente terá o grupo em suas mãos. Através das histórias apresentamos conteúdos de Matemática, Ciências, Estudos Sociais, trabalhamos as questões do dia a dia, as perdas, as relações interpessoais, construímos regras, criamos hábitos e, principalmente nos divertimos.
Não existe nada que me deixe mais decepcionada do que ver um professor escolher um livro ao acaso, sentar e simplesmente ler uma história, como se aquele fosse apenas um momento a ser cumprido no planejamento. Quando sou contratada para dar algum curso de formação continuada e me perguntam por onde acho que devemos começar, digo: “pela contação de histórias”, sempre. Existem diversos tipos de histórias, e não me refiro aqui simplesmente aos diversos gêneros, mas sim as histórias como um todo. E, se existem diversos tipos de histórias, certamente existem diversas maneiras de contá-las.
1) O primeiro passo é a escolha do livro. As histórias estão por toda parte. Então comece a procurá-las, a ouvi-las. Escolha uma história que mantenha o público interessado e curioso em descobrir qual será o final. Depois escolha uma história que pareça “saltar” para fora das páginas do livro e, para dentro da sua voz. Deixe d elado àquelas pelas quais você não se interessou ou teve dificuldade com o texto.
2) Leia e aprenda a história. Existem histórias para serem lidas, histórias para serem contadas, histórias com recursos visuais, histórias desenhadas, histórias cantadas, histórias com a participação do público …leia a história primeiro e , depois deixe o livro de lado e tente conta-la para alguém. Não se preocupe em decorar palavra por palavra, divirta-se e crie sua própria versão.
3) Por último, conte, reconte, conte novamente, veja como outras pessoas contam esta história e aprimore suas técnicas. Não se preocupe em repetir as histórias. Se você for capaz de contar as histórias que escolher de forma atrativa e que desperte a atenção do grupo, seu público adorará ouvi-la várias vezes, especialmente os pequenos. Afinal essa é se não a principal, mas uma importante maneira através da qual eles aprendem.
Ontem, 23 de abril, comemoramos o Dia do Livro. Mas o dia do livro é todo dia e não existe forma melhor de comemorá-lo do que contando uma boa história! Espero que depois de ler este post vários professores nos escrevam contando “Como contaram a sua história?” e, se alguém ainda tiver dúvidas, não deixe de entrar em contato para saber quando será o próximo curso. Mas não se esqueça de que as técnicas até podem ser ensinadas e trabalhadas, mas o prazer da leitura tem que estar em você!
.