Vejo autores e professores extremamente preocupados em como tratar os inúmeros “erros” ortográficos, abreviações e neologismos presentes nestes novos gêneros textuais, principalmente entre os adolescentes, e tentando encontrar uma espécie de fórmula mágica para impedi-los, quem sabe numa tentativa desesperada de impedir a “morte” da Língua Portuguesa e me questiono se o melhor caminho não seria repensar os currículos e prepararmos nossos professores para utilizar esta nova maneira de ler, escrever e produzir textos como ferramentas de suporte para as práticas pedagógicas já existentes e com isso desenvolvermos as habilidades de leitura e escrita, estas sim necessárias a qualquer texto seja ele impresso ou digital, e sem as quais é impossível formar um bom leitor.
Infelizmente o que temos hoje ainda está muito longe não só do ideal como também da necessidade real destes novos alunos. É verdade que alguns livros didáticos vêm até inserindo gêneros digitais em seus conteúdos, cada vez mais escolas utilizam as lousas inteligentes e a adoção de Ipads como diferencial competitivo, mas a forma como estas práticas vêm sendo adotadas ainda é questionável. Em relação aos livros didáticos, a grande maioria utiliza os gêneros digitais apenas para trabalhar questões gramaticais ou indicam links mas não informam ao professor como trabalha-los em sala. Quantos as lousas, Ipads e outros, escolas e editoras muitas vezes se limitam a transferir os conteúdos impressos para um ambiente digital, o que acaba por transformas essas maravilhosas inovações tecnológicas em meras ferramentas. Outro aspecto a ser levado em consideração é a formação e o preparo dos professores para utilizarem as novas tecnologias Bezerra (2009) afirma que “é de se supor e esperar que a escola e os professores a cada dia se mostrem mais preparados para lidar com as práticas discursivas dos estudantes onde quer que estas se manifestem”.
É claro que não se abandona todo um sistema educacional assim, da noite para o dia. Existem várias questões envolvidas e o financeiro é uma delas. Mas também não dá para simplesmente fingir que nada está acontecendo ou alegar que ainda existem muitos excluídos digitais e que as mudanças não atingiriam a todos e achar que por conta disto basta colocar um computador em cada sala para se declarar “uma escola conectada”. O fato grande parte da população ainda se encontrar excluída da mídia virtual, não modifica em nada que essa nova maneira de interagir veio para ficar e abrir caminho para um mundo ilimitado de informações. Governos e gestores de escolas públicas e particulares precisam se dar conta desta nova realidade e iniciar o processo de mudança.
Se a escola que defendemos é aquela capaz de formar cidadãos preparados para interagir com competência na sociedade e no meio em que vivem, seja ela virtual ou não, então concordamos que a escola não pode se restringir somente ao trabalho de leitura, escrita e produção de gêneros convencionais do meio impresso, certo? Vamos discutir estas questões com pais, professores e gestores. Deixe aqui a sua opinião !